domingo, 12 de setembro de 2010

ENTREVISTA























Professora Eliane Schlemmer fala do potencial do Second Life para a Educação

Entrevistada

O Second Life é um software que propicia a experiência de, como o próprio nome diz, uma segunda vida em um ambiente virtual e tridimensional, muito parecido em alguns aspectos com o existente na vida real. Trata-se de um simulador que tem sido bastante usado para entretenimento e formação de redes sociais e comerciais. Ele foi criado em 2003 pela empresa norte-americana Linden Lab, e seu download pode ser feito em seu site oficial (em inglês). Segundo Eliane Schlemmer, o Second Life também pode ser usado para a Educação. Vamos conferir o que ela tem a nos dizer?
1 - Por que as pessoas se sentem tão atraídas pelos ambientes virtuais?

As pessoas são atraídas pela novidade. A primeira aproximação normalmente se dá pela curiosidade. Esses ambientes são dinâmicos e ampliam as possibilidades de comunicação, propiciando a interação on-line, a conexão entre as pessoas. O ser humano tem necessidade de se encontrar, de se relacionar, mesmo que de forma digital virtual, e esses ambientes permitem “encontrar o outro”, possibilitam novas formas de convivência, que são de natureza digital virtual, o que acaba por alimentar essa curiosidade, provocando um processo de familiarização com o ambiente. É nesse momento que o usuário precisa ver as possibilidades que a tecnologia oferece, ou seja, para que permaneça nesse espaço depois de sanada a curiosidade inicial, é necessário que perceba utilidade, encontre o que veio buscar. Assim, por exemplo, uma pessoa que está em busca de amigos e entra numa comunidade de relacionamentos como o Orkut, ou mesmo o Second Life, encontra o que procura lá. Essa experiência positiva vai alimentar o desejo de voltar novamente àquele espaço, de forma que ele se torna um espaço para o viver e para o conviver.
Outro motivo pelo qual as pessoas se sentem atraídas são vantagens, as facilidades, a rapidez e a segurança. Por exemplo: eu posso conversar com um amigo distante ou com uma pessoa da família que reside em outra cidade/estado/país de forma fácil, rápida, segura e econômica, utilizando, por exemplo, um comunicador instantâneo como o MSN, o Skype, o GTalk, dentre outros, o que me permite, além de me comunicar de forma textual, ver a pessoa e conversar com ela. Posso ainda, utilizando ambientes virtuais, fazer um curso on-line, sem precisar me deslocar até uma universidade e com flexibilidade de horário para estudar.

2 - Que recursos uma instituição de ensino poderia oferecer por meio do Second Life (SL)?
Instituições de ensino dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Portugal e também do Brasil, dentre outros países, estão investigando as potencialidades dessas tecnologias para os processos de ensino-aprendizagem.
Pesquisadores identificam a tecnologia de mundos virtuais em 3D, como o Second Life, como a evolução da educação a distância. Segundo especialistas, o Second Life será o marco de uma nova era na Internet.
Além da oferta de cursos na modalidade a distância, há também a possibilidade de desenvolver pesquisas, conforme os exemplos mostrados a seguir:
• A Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, EUA, começou um curso em que algumas aulas são dadas numa sala virtual.
• Na Universidade Goldsmiths, Londres, Inglaterra, os estudantes de arte apresentaram seus trabalhos de formatura no SL.
• A Universidade de Aveiro realizou um workshop sobre comunicação, educação e formação no Second Life. Criou ainda um campus virtual para e-learning em várias disciplinas. O projeto Second UA conta com um espaço já concluído, o Aularium, sala de aula virtual em que já foi dada matéria real. Há também um balcão de atendimento virtual, o InfoZone, o Second Caffé, o Auditorium, o Showroom e o Scriptorium.
• A escola de idiomas LanguageLab, sediada em Londres, Inglaterra, oferece aulas virtuais de inglês e espanhol. A escola receberá, a partir de setembro, os avatares dos estudantes em sua ilha no mundo virtual, onde uma cidade inteira foi construída. Os avatares encontrarão seus professores para atividades nos hotéis, bares, clubes, escritórios e lojas detalhadamente realistas, e os estudantes e professores falarão uns com os outros utilizando uma tecnologia VoIP (voz sobre IP).
No Brasil, temos algumas experiências, tais como:
• O Anhembi Morumbi, localizado na Ilha Brasil, realizou um evento para estudantes do Ensino Médio que desejavam conhecer de perto o dia-a-dia das profissões, tirar dúvidas e descobrir curiosidades sobre as mais diversas possibilidades de carreira.
• A Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) tem uma ilha no SL — Ilha Unisinos (a primeira ilha de uma universidade brasileira no SL), em que foram modelados o campus, a biblioteca — a maior da América Latina — e o auditório para eventos. Essa universidade criou também o primeiro grupo de pesquisa em educação digital, vinculado ao programa de Pós-Graduação em Educação, que apresenta as pesquisas que desenvolve e tem espaços para discussão e trabalho em grupos, usados pelos alunos do mestrado em Educação e também pelos graduandos em Pedagogia.
O SL tem sido utilizado em pesquisas para desenvolver simulações sociais e para investigar os relacionamentos sociais de residentes do SL, a história, a teoria e a prática da representação e da produção de arquitetura, as questões relacionadas à aprendizagem de pessoas com algum tipo de deficiência, as habilidades ensinadas em ambientes virtuais e os meios e a nova cultura digital, dentre outros temas.
Além dessas experiências, estão sendo criados eventos científicos, bibliotecas, exposições e museus digitais virtuais.

3 - Que tipo de cursos estão sendo oferecidos atualmente no SL? A metodologia usada nesses cursos apresenta alguma inovação?
Muitos dos cursos ofertados e que são abertos, ou seja, com acesso livre, estão relacionados a orientações sobre o próprio uso do Second Life. Algumas empresas, como a IBM, a Nike e a Apple, estão utilizando o Second Life para ofertar processos formativos aos seus colaboradores. As universidades também estão se movimentando nesse sentido. Voando pelas ilhas do Second Life, encontramos diversas instituições de ensino, principalmente norte-americanas e européias, mas também algumas brasileiras, que já oferecem algum tipo de processo formativo utilizando essa tecnologia, conforme explicitado acima.
No entanto, quanto às metodologias utilizadas nos cursos abertos, o que observamos é uma certa transferência para o SL das metodologias tradicionalmente conhecidas. Vemos salas de aulas com carteiras enfileiradas, quadro-negro, etc., quando, na verdade, precisamos investigar que possibilidades essa tecnologia oferece e como podemos pensar em metodologias que sejam de fato inovadoras, que aproveitem todo o potencial da natureza específica desse meio. Usar uma nova tecnologia não garante inovação, a inovação está na forma criativa de utilizá-la, na forma como aproveitamos todas as potencialidades para os processos de ensino-aprendizagem. De outra forma, podemos estar simplesmente falando de uma novidade, e não de uma inovação.

4 - Como se cria um espaço próprio, como um clube ou uma sala de aula, para desenvolver conteúdos, capacidades e habilidades?
Existem basicamente três formas: ou você aluga um espaço numa ilha, ou compra um espaço numa ilha, ou adquire uma ilha (nesse caso, precisará fazer um planejamento urbano digital virtual). Isso depende da sua necessidade em termos de espaço. A partir do momento em que você tem o terreno digital virtual, pode iniciar a construção com as ferramentas próprias do Second Life, tanto para o desenho dos objetos quanto para a programação. Esse espaço pode ser público, aberto a todos os que visitarem a ilha ou ser restrito a um grupo predefinido, já que existe a possibilidade de criar grupos e mapear determinado espaço de forma que somente as pessoas que estão naquele grupo, ou seja, pessoas autorizadas, possam visualizar e/ou utilizar aquele espaço. Com relação ao desenvolvimento do conteúdo, das capacidades e das habilidades, isso depende de como é construído o projeto pedagógico do curso. É ele que definirá os espaços que você precisará criar, as metodologias e a forma de mediação que utilizará.
5 - Como é possível criar um projeto educacional no sentido de simular situações no SL para que o aluno aprenda com elas?
Existem ferramentas próprias no SL que possibilitam criar objetos em 3D e programar ações para eles. É dessa forma que é possível realizar simulações e propiciar situações de aprendizagem baseadas em interação, tanto do avatar com os objetos quanto dos avatares entre si. Por exemplo: podemos simular um ambiente ecologicamente correto de forma que o avatar interaja com os espaços criados e aprenda com eles.
Outro exemplo que posso trazer refere-se aos projetos que o nosso grupo de pesquisa em educação digital — GP e-du Unisinos/CNPq — desenvolve no SL, os quais têm por princípio serem educativos desde a sua concepção, ou seja, no planejamento urbano digital virtual estão presentes desde conceitos relacionados à ecologia ao uso eficiente dos recursos naturais. Além disso, buscamos explorar as propriedades específicas, a natureza desse meio, experimentando as possibilidades de construção gráfica, de criação do inventário, do blog, do teleporte. Estudamos formas de dar vida a diferentes objetos, criar bots, de maneira que o avatar possa interagir também com esses elementos. Buscamos criar espaços imaginários, e não somente representações de um mundo presencial físico. Por exemplo: o espaço do GP e-du (Figura 1) propicia a realização de pesquisas (encontros do grupo para planejamento, discussões teóricas, reuniões, ações de pesquisa, orientações, processos de ensino-aprendizagem relacionados à educação digital). Ou seja, para nós, a pesquisa está presente desde o momento da busca e organização das informações para a construção dos espaços, do planejamento urbano digital virtual, pensando-se nas questões relacionadas à educação para o desenvolvimento sustentável do ponto de vista dos recursos naturais, até o acompanhamento e avaliação do uso dessa tecnologia. Eu posso dizer que esse conjunto compõe o “corpus” para as análises que serão realizadas de acordo com o que se quer investigar em cada situação.
Imagens: Copyright 2007, Linden Research, Inc. All Rights Reserved.
Figura 1: Gp e-du Unisinos/CNPq
6 - Em que tipo de disciplinas o SL pode render melhores resultados?
Essa é uma pergunta difícil de ser respondida, pois é necessário realizar pesquisas para poder dizer em que tipo de disciplina o SL pode apresentar melhores resultados. As pesquisas nessa área ainda são muito incipientes, pois é algo relativamente novo e que nós, pesquisadores, precisaremos investigar com profundidade. Mas, se entendermos que a educação a distância, tal como a conhecemos hoje — com o uso de ambientes virtuais de aprendizagem em que a comunicação se dá basicamente de forma textual — é utilizada para oferecer, por exemplo, cursos na área médica, podemos imaginar que a tecnologia de mundos virtuais em 3D, como o SL, que, além de possibilitar a comunicação textual, permite a comunicação gestual, gráfica e oral, propicie um diferencial significativo com relação às potencialidades para os processos de ensino-aprendizagem, independentemente do tipo de disciplina. Agora, é importante salientar que não pensamos nessa tecnologia em termos de substituição às demais tecnologias, mas, sim, como complementação.

7 - O processo de ensino-aprendizagem no SL é realmente eficiente?
O que faz com que um processo de ensino-aprendizagem seja eficiente não é a opção tecnológica, mas, sim, a proposta epistemológica e didático-pedagógica que suporta o uso de determinada tecnologia. Em nossas pesquisas, temos identificado que as metodologias e a mediação pedagógica desenvolvidas são fatores fundamentais para que o processo de aprendizagem ocorra de forma satisfatória, tanto para o aluno quanto para o professor. Assim, a formação docente se torna prioritária. Ser um “bom” professor na modalidade presencial física não garante que eu seja um “bom” professor ou saiba desenvolver um processo educativo on-line. Portanto, é necessário um processo formativo em que o professor passe pela experiência de ser um aluno on-line para que possa compreender o que isso realmente significa e o que isso implica na sua forma de promover a aprendizagem.
“Pode parecer uma brincadeira para alguns, mas tenho a sensação de que estamos diante do futuro da Internet. O Second Life torna possível fazer tudo o que já fazemos na web, mas de uma maneira mais amigável.” (Sam Palmisano, presidente mundial da IBM)
“O Second Life é um exemplo de inovação dos programas de interação entre homens e máquinas. A interface em três dimensões é o futuro da Internet. Ela vai provocar uma revolução tão grande quanto a própria criação da World Wide Web. (…) Hoje, se eu quiser, posso comprar uma carruagem e dois cavalos. Mas sei que andar de carro é mais eficiente. Quem vive no Second Life tem exatamente essa sensação. De que, no fundo, está um passo à frente dos outros.” (Theodor Nelson, professor da Universidade de Oxford, criador dos conceitos de hipertexto e hipermídia nos anos 60)

8 - O SL é um ambiente seguro para ser usado pelo professor e seus alunos? Existe a possibilidade de fazer algum tipo de adaptação do ambiente para a educação?
Depende do tipo de segurança de que estamos falando. Se esse “seguro” estiver se referindo às informações, às produções realizadas pelo professor e seus alunos e disponibilizadas no SL, é importante que se saiba que, pelo menos por enquanto, todo o material disponibilizado no SL fica em servidores nos EUA.
Agora, se essa segurança disser respeito a ter um espaço que somente pessoas autorizadas possam acessar, a resposta é sim. Conforme mencionado na pergunta 4, o SL possibilita a criação de grupos fechados, de forma que pessoas que não façam parte do grupo não possam acessar o que é de acesso restrito.
Quanto à possibilidade de fazer algum tipo de adaptação do ambiente para a educação, posso dizer que, na verdade, não se trata de adaptar o ambiente para a educação, mas, sim, de criar espaços que, desde o seu planejamento até a sua construção e seu uso, sejam pensados para a educação.

9 - Você acredita que os alunos estão preparados para interagir e aprender no ambiente do SL? E usar esse ambiente não é perigoso, já que muitas pessoas o usam com outras finalidades? 
Durante os 13 anos em que estive próxima de crianças e adolescentes, trabalhando com eles, “os nativos digitais”, pude perceber a facilidade com que se apropriam das tecnologias digitais (TDs) e com que as utilizam. Aqueles que interagem desde cedo com as TDs, principalmente as relacionadas ao ambiente web, parecem desenvolver um tipo de convivência peculiar ao meio de interação, eu diria uma “convivência digital virtual”, com regras criadas no próprio conviver. Assim, criam redes de relacionamentos de amizade, de namoro, etc. O que eu tenho observado é que essas tecnologias via web têm propiciado a formação de verdadeiras comunidades virtuais em que existem trocas significativas, manifestações de emoções e um movimento de solidariedade muito intenso que provoca aprendizagens. Acredito que temos muito ainda a aprender sobre as potencialidades dessas tecnologias, mas aprender usando efetivamente, experimentando, se envolvendo. Esse tipo de aprendizagem não é algo que conseguimos lendo. Precisamos estar imersos para conhecer, compreender, criticar, etc. Eu digo que o conhecimento que tenho construído ao longo desses anos ainda é muito incipiente no meu ponto de vista, até porque tenho uma limitação, sou uma “imigrante digital”. Embora faça uso das tecnologias digitais desde os 17 anos, não nasci nesse mundo, o meu mundo de interação quando criança ainda era analógico. Portanto, acredito que tenha até limitações cognitivas para compreender como as crianças se desenvolvem e criam teorias sobre o mundo na interação com essas tecnologias. O que sei é que esses “nativos digitais” têm uma forma diferente de se relacionar com as tecnologias. Para perceber isso, basta observar como uma criança de 4 anos, como a minha filha, por exemplo, interage com esses meios. Agora, embora nós tenhamos limitações, é nossa responsabilidade de pais e professores orientar essas crianças e adolescentes, colocar limites, alertando também para os perigos que possam existir nessa interação, nessa convivência digital virtual. Mas, para isso, para que nos reconheçam como legítimos na nossa fala, é preciso conhecermos esse mundo.
Assim, posso dizer que acredito que os “nativos digitais” estejam mais preparados para interagir e aprender no SL do que nós, os “imigrantes digitais”. Entretanto, assim como acontece com as demais tecnologias, eles precisam ser orientados. É importante que saibam que, mesmo que possam ser construídas por eles nesses espaços, as regras precisam existir, pois são fundamentais para o bom desenvolvimento dos processos de ensino-aprendizagem.
Quanto aos perigos do ambiente, é prioritário esclarecer que, assim como no First Life existem pessoas que nem sempre praticam o bem, essas mesmas pessoas também podem estar no Second Life.

10 - O ambiente virtual é recomendável para todas as idades?
Depende do ambiente virtual, pois esse conceito é muito amplo. Agora, se estamos falando em mundos virtuais, existe, por exemplo, um Teen Second Life, para adolescentes de 13 a 17 anos. Para crianças, existem outros ambientes virtuais, tais como o Club Penguin, um MMOSG (Massively Multiplayer On-line Social Game — Jogo Multiplayer Social em Massa) que oferece uma mescla de jogos e chats para crianças entre 6 e 14 anos. O ambiente é baseado na idéia de comunidades on-line e mundos virtuais. O cenário é todo coberto por neve e tem pistas de esqui, restaurantes, danceterias, lojas, bibliotecas e até uma praia. Usando avatares em forma de pingüins, as crianças e adolescentes podem conversar e jogar. Os jogos vão de esqui e pescaria a aulas de culinária. As crianças e adolescentes podem fazer novos amigos, agregando outros pingüins à sua lista, podem avisar se alguém não está se comportando direito e são incentivados a dar bons exemplos. Ajudando os outros, por exemplo, podem ganhar moedas, que servem para adquirir alguns objetos no ambiente. Além disso, os pais podem escolher um modo de inscrição de seus filhos que limite certas frases, impedindo que os menores se envolvam em diálogos e situações indevidas. Além desses ambientes, existem outros que você pode conhecer fazendo uma busca na Internet.

11 - Você não acredita que a inserção dos alunos nessa vida virtual possa ser mais um obstáculo para a convivência social, que está tão prejudicada hoje em dia?
Conforme comentado na pergunta 9, percebo que as crianças e adolescentes que interagem com as tecnologias digitais, principalmente as relacionadas ao ambiente web, desenvolvem um tipo de convivência que me parece ter peculiaridades próprias ao meio, uma “convivência digital virtual”, com regras criadas no próprio conviver. Assim, criam redes de relacionamentos de amizade, de namoro, etc. que podem não existir fora daquele meio. Normalmente, as pessoas que fazem parte dessas redes não se conhecem de forma presencial, nunca tiveram um contato físico, mas se conhecem de forma presencial digital virtual, por contato digital virtual, seja ele por meio da escrita ou por meio da voz, de foto em formato digital, de telepresença via avatar, etc. Em alguns casos, essa convivência digital virtual provoca em algumas pessoas a curiosidade, a necessidade, o desejo de se conhecer de forma presencial, tanto que existem casos de namoros que se iniciaram nesse meio e resultaram em casamento no mundo físico. O que tenho observado é que essas tecnologias via web têm propiciado a formação de verdadeiras comunidades virtuais em que existem trocas significativas, manifestações de emoções e um movimento de solidariedade muito intenso.
Eu acredito que a socialização também acontece nesses meios, nessa vida digital virtual, o que propicia o desenvolvimento de uma convivência também de natureza digital virtual, mas que, de forma alguma, substitui a convivência social física. Não podemos pensar em termos de exclusão, de substituição, mas, sim, de complementaridade. É claro que crianças e adolescentes tímidos tendem a se sentir mais à vontade interagindo nesses meios. Cabe a nós, pais e professores, orientar, negociar limites e propiciar situações nas quais eles possam se desenvolver plena e integralmente.
12 - Na sua opinião, o ambiente virtual interfere na vida das pessoas que o utilizam?
Depende do que você entende por interferir na vida das pessoas. Se essa interferência estiver se referindo a ocupar espaço na vida das pessoas, eu digo que sim, que interfere, pois elas passam a dedicar tempo para interagir com essas tecnologias. Mas imagine se uma pessoa fosse fazer um curso e, para isso, necessitasse se deslocar, enfrentar trânsito, etc. Se fizesse esse curso usando um ambiente digital virtual, na modalidade a distância, eliminaria o tempo gasto com deslocamento e poderia estudar em casa, com flexibilidade de horário. Atualmente, fala-se muito em teletrabalho: as pessoas trabalham para uma instituição em qualquer lugar do mundo sem sair da sua casa, usando os meios digitais virtuais. Não podemos esquecer que essas tecnologias também são reais. Elas existem, embora tenham uma existência de outra natureza, digital virtual.

FONTE: http://www.educacional.com.br/entrevistas/interativa_adultos/entrevista015.asp

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